Chacundum é um blog em dolby-stérico de Cláudio Reston, designer-músico e sócio da Visorama Diversões Eletrônicas.

10 de nov. de 2001

Deu na Folha (sobre o 'caso pataxó'):

"(...) Livino culpou a mídia, especialmente os articuladores, por influir na decisão dos jurados. "Os articulistas de plantão escreveram artigos com a miséria alheia, sem conhecerem os autos e os agentes do caso. São pessoas a fim de aparecer, que não têm um sentido, um significado, não sei...", disse o advogado.(...)"

Bom, se relatar o caso nos jornais, mesmo que de forma imparcial, é 'se aproveitar da miséria alheia', e se isso é uma atitude 'sem sentido e sem significado', como você classifica quando 4 filhinhos de papai, bem nutridos (agora bem comidos) e bem escolados tacam fogo num pobre coitado que dorme num banco de rua, just to have fun?

Sinceramente?
Dominique bloga palavras e curte um chacundum.

9 de nov. de 2001

Da série 'meus standards prediletos': A Night in Tunisia (Dizzy Gillespie)
Chegô a hora du pau cumê... du pau cumê, du pau cumê!

Hoje é dia de festa.

A gente se vê lá.
"Por que parou... parou por que..."

Porra, porque o show acabou, ora pois.

8 de nov. de 2001

Paul Mauriat é a versão big beats de Ray Conniff, que por sua vez é a versão big band de Richard Clayderman.
Momento 'os brutos também amam (e blogam)':

Sangão, quem sou eu... Sou apenas um humilde apreciador de boa música, bronco demais para transcrever o que presencio, mas com coração suficiente para saber sentir. =)
Já tem um tempinho que eu quero disponibilizar minhas músicas royaltie free na internet. Falta tempo, saco e conhecimento (não sacar nada de HTML e afins é um saco nessas horas). Mas acho que isso aqui pode ser um bom começo, ou pelo menos servir como estímulo.
Freak Show tranquilis. Casa cheia, público receptivo, dois datashows projetando simultâneamente e alto e bom som. Se não fossem algumas luzes acesas até os primeiros 10 minutos (ninguém sabia onde ficava o interruptor), teria sido perfeito. Acho que encerrou com chave de ouro nossa World Tour 2001. Ano que vem tem mais.
Ontem eu fui ver o mestre, o orgulho da classe, o rei da cocada, o tá-por-cima, o tá-com-tudo, o manda-chuva, o manda-brasa, o bambambam, o sabe-tudo, o maioral, o cabeça, o gigante, o super-top, o bom, o sabichão, o fogo-na-roupa, o ferro-na-brasa, o supimpa, o cão, o chefão, o ...

7 de nov. de 2001

Alguém poderia me explicar por que é que músico tem mania de levar seu instrumento pro show dos outros?
Com o perdão da palavra, mas...

CARALHO.

É a única coisa que consigo dizer após duas horas de pura cacetada. O show foi impecável, incomparável e incontestável.

Miller matou a cobra, (quase) mostrou o pau e de lambuja prestou homenagens à ele, à ele, à ele, à ele, à esse outro aqui e, é claro, ao maior de todos os mestres.

Me desculpem, mas preciso berrar.

CARALHO.

6 de nov. de 2001

Juro que não consigo entender o termo samba-rock.

Trio Mocotó, Jorge Ben (não o chato do Benjor) e Banda Black Rio sempre tocaram samba. E da melhor qualidade.
Também sou filho de Deus, né?

Sendo assim, fui e brinquei de gente chique. Saldo: uma garrafa de vinho francês, uma de vinho português, um pacote de carpaccio e um tablete de marzipan.

E tratei de me adiantar. Se ficasse mais um minutinho levaria metade da loja (e depois contrataria um pedreiro pra quebrar a parede do meu quarto, pois não conseguiria mais sair pela porta).

Gorduuura!

5 de nov. de 2001



Não é de hoje que eu falo que Gene Hackman e Felipão são a mesma pessoa.
Conte quantas vezes eu escrevi a palavra 'música' no post anterior. Depois me passe o telefone de um professor de português.
Em 87 um sujeito do bem falou:

'Acredito que música tenha sido a primeira coisa que surgiu no mundo. Quando o mundo nasceu, com certeza houve uma vibração. E se houve uma vibração, houve música'.

Alguns gostam de pintura, outros de teatro, outros de dança... mas todo mundo gosta de música. É algo tão presente na nossa vida que a gente mal consegue se dar conta.

Há muito tempo eu li um ensaio (não me lembro de quem, isso tem pelo menos uns 10 anos) que, de cabeça, dizia mais ou menos assim:

Imagine se um dia a música resolvesse entrar em greve. Você liga o rádio e não ouve nada, apenas as vozes dos locutores. Liga a TV e também nada. Nada de jingles, nada de trilhas sonoras... entra nos estabelecimentos, em teatros, cinemas e nada se escuta, apenas vozes. Nem um acorde, nem uma batidinha sequer. Com certeza seria um mundo muito chato e sombrio.

Não é a toa que dizem ser a indústria mais lucrativa do mundo, e eu acredito fielmente nisso. Não existe nenhuma outra arte que reúna tantos apreciadores quanto a música. Basta pensar que alguns shows conseguem reunir mais de um milhão de pessoas em um único local, para assistir a uma única atração. Que outra atividade artística consegue isso? Nem futebol... (ok, há tempos que futebol não é mais arte).

É por isso que nego não abre mão, faz de tudo para embargar qualquer tentativa de desestabilizar as regras que criaram. Declararam guerra contra os Napsters da vida, não porque estavam ganhando menos (pobrezinhos), mas simplesmente porque se sentiram ameaçados, e viram que poderiam ganhar ainda mais. Na cabeça dos caras, essa mudança de padrões tem que partir deles, não de unzinho qualquer.

Desde que instalamos uma conexão ADSL no escritório, nosso Audio Galaxy não teve um dia de folga. Já baixamos de tudo: rock, drum n bass, samba, erudita, chorinho, funk, disco, house... uma verdadeira festa para os ouvidos. E posso te garantir: já fiz minha listinha de CDs que pretendo comprar, após escutar todos aqueles MP3s. Alguém saiu perdendo? Não creio...

Assim, só me resta a seguinte conclusão: essas pessoas que estão no poder, que vivem da indústria da música e que são as mesmas que se opõe a esse tipo de iniciativa, não gostam de música. Não conseguem ouvir música, só conseguem ouvir cifras.

Para toda essa gente horrível, restam somente minhas palavras de carinho.

4 de nov. de 2001

Opa, Freak Show na quarta que vem? Pois não.
Pérolas de Dona Maria (minha empregada, uma versão hardcore da Tia Anastácia):

'Graudi (vulgo eu), acabei de dar uma bronca na minha neta. Vô tomá um calmante, tô muito expressada.'

Cultura popular é isso aí. O resto é Houaiss.
Pra quem ainda não entendeu o que é um chacundum, recomendo as seguintes canções:

1. Whisky a Gogo (The Fevers)
2. Have You Ever Seen the Rain (Creedence Clearwater Revival)
3. Ticket to Ride (The Beatles)

Caso continue sem entender, então só resta tratamento de choque: Fogo e Paixão (Wando).

Mas você é uma pessoa inteligente e eu sei que vai captar a mensagem.
Eu fico plasmo com essas coisas. Totalmente atônico.
Só pra constar: esse template podreira é provisório. Em breve um visual mais decente (ou não).
E falando em Foley, uma surpresa agradável:

http://www.smartalecmusic.com/

Novo projeto do sujeito. Mas o mais bacana do site são os desenhos feitos por - uh??? - Miles Davis (!!!)
Já que temos Marcus Miller no cardápio da semana, vou relembrar o show que assisti há uns anos atrás.

Em minha humilde opinião, Marcus Miller está entre 'os 5 maiores baixistas do mundo de todos os tempos o tempo todo'. É o músico que eu gostaria de ter sido (quem mandou não estudar?). Além de versátil, sabe dosar punch, groove, suíngue, virtuosismo e sutileza, em medidas perfeitas, sem excessos. Seus solos avassaladores e percussivos, e a timbragem de seu Jazz Bass (customizado por um gênio da luthieragem) fazem levantar até cabelo do dedão do pé.

Marcus Miller esteve no Brasil em 94, no Free Jazz Festival - na época, no saudoso Hotel Nacional, hoje entregue às traças. Foi um show memorável, e entrou para meu Top 10. Veio muito bem acompanhado: dois tecladistas (depois eu lembro dos nomes), o poderoso Foley e seus solos dissonantes no baixo picollo, um trompetista, um saxofonista (Kenny Garret) e - pasmem - dois bateristas (o lendário Lenny White e Poogie Bell). Além disso, contou com as participações pra lá de luxuosas de Al Jarreau, Joe Sample e Djavan. Foi um daqueles momentos lindos, que a a vida passa a valer mais a pena.

Como todo show de instrumentista, a platéia é sempre uma piada. Músicos por todos os lados. Na minha fileira (era a 4a. do teatro), por exemplo, só tinha baixista. Lembro até a ordem: eu, meu irmão (tambem baixista), Zé Eduardo, o saudoso professor e mestre Nico Assumpção (que Deus o tenha), Leonel, Ciro, e por aí vai. Os papos então, totalmente previsíveis: 'E aí, beleza? Tocando com quem? Veio ver o mestre, né?' Músico é uma desgraça, quando não tem o que dizer, o papo não vai além disso.

Se não me falha a memória, o baixinho iniciou os trabalhos com Panther, de seu primeiro disco solo. Já valeu cada centavo pago. O show foi crescendo, e ele revezava entre seu Jazz Bass e seus fretlesses. As vezes tocava com os dois na mesma música, alguns de 4, outros de 5 cordas, e até mudava a afinação do instrumento durante os solos. O diabo.

Talvez o ponto mais alto da noite tenha sido a música Tutu, de outro mestre, outrora parceiro de Marcus. Tutu é uma de minhas músicas prediletas. É dificil explicar o porque. Apenas ouça e tire suas próprias conclusões. Estou torcendo com todas as minhas forças para que ele toque na terça-feira. Faria um sujeito muito feliz.

Lá pelos 50 do primeiro tempo, entra a primeira participação: Joe Sample. Em seguida, Al Jarreau se junta à trupe, cantando uma versão de... hmmmm... My Favourite Things? Ou seria Take Five? Não me lembro exatamente agora... Cantou mais algumas, seguido de mestre Djavan e sua filha, numa versão de Faltando um Pedaço. Lindo lindo lindo.

Fim do espetáculo. O povo pede bis. A voz do povo é a voz de Miller. A turma volta com... Teen Town. Faço minhas as palavras de um espectador, após a primeira passagem do tema: 'desculpa, tá?'. Nesse momento, o show já podia ter acabado, que voltariam todos felizes para casa, sem dar um pio de reclamação. Mas não, reservaram uma agradável surpresa para a felicidade dos presentes: fecharam a noite com toda a turma no palco - Joe, Al e Djavan, todos juntos - numa versão inesquecível de Mas Que Nada, de Jorge Ben. E o teatro de pé, cantava de pé: 'ôoooooo ô ô ô ôoooo a rí áaaaaaa áiôooo obá, obá, obá'. Cai o pano, acendem as luzes. E sai da minha frente que eu quero passar.

Comentário mais ouvido após o espetáculo: 'Eu vou vender meu baixo'.

Quase chorei.

Inesquecível.

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