Chacundum é um blog em dolby-stérico de Cláudio Reston, designer-músico e sócio da Visorama Diversões Eletrônicas.

19 de out. de 2002

Ultraje a Rigor: Smells Like Teen Shit.
Motumbo é cobra criada.
Afinal, quem matou a Inês?
Voto válido sempre será um pleonasmo.

Pelo menos para este humilde eleitor que vos escreve.
Assisti ao tão falado A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki ontem no Jóquei.

Sempre que me criam uma expectativa extraordinária sobre algo, a tendência é encarar algo muito aquém do imaginado. Mas dessa vez não rolou. O filme é incrivelmente bom. Não só no que tange a qualidade técnica e visual do desenho, mas principalmente a complexidade e riqueza do roteiro, coisa muito rara de encontrar num longa, seja ele em animação ou não.

Estou encantado e doido para assistir novamente. Valeu cada minuto naquela arquibancada incômoda do Jóquei.

18 de out. de 2002

Desarmar o mundo, sim. Desprovir de defesa alguns para facilitar o controle da região, jamais. Nem um louco toparia isso.

Essa política de desarmamento unilateral é uma tremenda piada de mau gosto.
E Ez manda bem:

"Relembrando, invejosamente: enquanto nos EUA provam da robustez sonora da SNL Band ou mesmo a Late Show Band, ficamos com o Quinteto e a Banda Altas Horas. Afe.

Todavia, seria injusto desconsiderar o todo. A engenharia de som televisiva, a nível nacional, é medíocre."

Acho que já falei aqui algumas vezes sobre a magreza sonora do Quinteto (ou seria Sexteto?). Mas definitivamente, nada mais miúdo na TV brasileira que a engenharia de som. Não sei se é um problema de maquinário ou de competência (provavelmente os dois), mas é assustadora a capacidade que os programas tem de transformar música em vácuo.

Liga esse compressor e aumenta esse volume, ô mané.

17 de out. de 2002

Recebido por email:

O designer gráfico Yomar Augusto, que no início do ano apresentou na livraria da 2AB a exposição "Primeiro próposito de uma identificação", faz palestra nesta segunda, dia 21, sobre fotografia aplicada ao design experimental. A palestra integra a 1ª Semana do Design na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Vai sem medo que é bacana.
Esqueça tudo o que você aprendeu. Tipografia de verdade é isso aqui e estamos conversados.

Designers e apreciadores de artes gráficas: guardem esse site para sempre em seus favoritos. Acho que foi, disparado, o melhor link que já coloquei nesse blog.

Wes Wilson regras.
Você se sente muito Haroldinho (ou muito Hiro) quando sai para um show e, na calçada, encontra uma roda formada por:

1. uma pessoa que estudou com você na faculdade;
2. um jornalista indie;
3. um jornalista que te entrevistou pra uma revista;
4. uma figurinha que você conheceu em uma lista de discussão;
5. o vocalista da extinta Funk Fuckers.

E você conhece todos eles (ou todos eles te conhecem), cada um de uma situação / época diferente. :)
Aliás, esse blog anda tão musical ultimamente... ;)
Programa de quarta a noite: shows do Casino, Maurício Negão e Leela no Ballroom, o popular Baurú.

Aproveito para tentar resenhar sobre essas 3 bandas. Sempre me sinto melindrado ao comentar boas bandas, pois sei o quanto é difícil manter uma nesse país, e crítico nenhum entende isso. Quando tenho amigos nessas bandas então, fica mais delicado ainda traçar qualquer comentario que não seja 'o máximo, lindo, maravilhoso!!!'. O medo de magoar é grande, mas nesse caso não tem frescura, pois falo como fã incondicional.

E não reparem o portuga. Como esse blog serve também pra eu errar na concordância, usar acento grave quando não se deve e escrever 'mim' ao invés de 'eu', então vamos lá. De tanto errar, um dia acabo acertando... ou não.


Casino

O Casino é uma banda... linda. É isso. Não existe outra palavra pra classificar o som da banda. As melodias são lindas e a Cecília é uma Astrud Gilberto dos anos 00 (e acho que ela ainda não se deu conta disso). Existe também algo que poderia ser desastroso para muitos, mas que ali cai como uma luva: simplicidade, tanto nos arranjos quanto no tocar. E personalidade, muita personalidade. Há muito não ouço uma banda nacional com tanta personalidade, e isso é ponto fundamental para a longevidade de um grupo.

Em minha humilde opinião, senti falta de uma única coisa pra arrematar com chave de ouro: um produtor. Aquele cara pentelho - e acima de tudo, de fora da banda - que diz 'nesse momento vocês sentam a mão, tocam pesado e nesse outro aqui vocês extrapolam nos detalhes, nos blinzinhos e deixam tudo mais easy listening'. Sinto a banda muito contida em alguns momentos que seriam perfeitos para devastar o local. De resto, tá tudo 10.

No mais, Casa de Praia é um puta hit, o maior deles pra mim. É maravilhosa. E na Europa venderia milhões.


Mauricio Negão

O Maurício é um artista e ponto. Um guitarrista visceral, uma puta personalidade no palco e de composições muito boas. A banda é boa, muito entrosada, e passeia por sonoridades de Mutantes a Living Colour. A dinâmica é 10, os caras sabem as horas de fazer barulho e as de deixar o groove rolar. Maravilha.

Seria um show irretocável se não faltasse carisma. E falta muito as vezes. Trazer a platéia pra dentro do palco, cativar o público, ao invés de tocar como se não estivesse nem aí para aquelas pessoas (e acredite: aquele 1/100 de lotação da casa, numa madrugada de quarta-feira estava ali porque queria muito assistir o show). Esse ar 'caguei' não soa como atitude rock'n'roll, e sim como falta de. Se resolver isso, não vai ter pra ninguém.

Quem Mora Alto e República do Mate são daquelas músicas que voce não consegue entender por que não retumbaram aos quatro cantos do país. Coisas do Brasil.


Leela

Quando me disseram que era a banda de uns integrantes do extinto Pólux, torci feio o nariz. Sempre achei o Pólux uma palha, um firififi só. Quando olhei para o Ballroom e vi que naquele momento restavam apenas umas 10 pessoas (incluindo o Fausto Fawcett), senti cheiro de tragédia no ar. Mas a curiosidade e o respeito falaram mais alto - afinal, ir embora naquela hora seria uma tremenda falta de respeito com qualquer banda - e resolvi ficar. Se fosse ruim, sairia na segunda música.

E fiquei até o último minuto, impressionado. Botei rapidinho o preconceito e o rabinho entre as pernas - como é bom saber que a gente erra em nossas primeiras impressões - e entendi porque as pessoas falam tanto deles.

O motivo é simples: a banda está pronta! Sim, prontinha, embalada e etiquetada, é só mandar pra loja. Fizeram um show impecável do início ao fim, em todos os pontos: boas músicas, boa guitarragem, bateria rock'n'roll e presença de palco nota 10. Pareciam estar tocando não para 10, e sim para 10 mil pessoas. Foi de aplaudir de pé.


No mais, quando vejo essas coisas acontecendo - show na quarta-feira a noite, sem divulgação nenhuma e para uma casa vazia, só posso acreditar em uma coisa: música é, acima de tudo, amor. Muito amor.

E se a pessoa é para o que nasce (alô Berliner), no caso do músico isso se eleva a décima potência. A admiração e a inveja, a crítica destrutiva e a ovação geral caminham o tempo inteiro com todos que resolvem seguir essa vida. E seguir em frente mesmo assim, é no mínimo, admirável.

15 de out. de 2002

Saudades da Rádio Imprensa, única rádio democrática em sua essência. Qualquer um podia chegar lá, comprar seu horariozinho e montar seu programa. Inclusive houve uma época em que a gente queria montar um programa sobre design e banalidades. Hoje em dia não pensaríamos duas vezes.

Agora, o mais bacana da rádio: antes da Hora do Brasil, tinha A Hora do Caô, programa de rap que durou pouco mais de um mês. E após, A Hora do Ceará, sobre ritmos nordestinos. Em seguida, dependendo do dia, rolavam programas de músicas de cinema, de músicas do Roberto Carlos ou o lendário Ronca-Ronca de Maurício Valladares, entre muitos outros. Tudo isso após uma tarde do mais puro pancadão.

Mágico.
E vou parar de falar de TV, antes que mude o nome do blog para Falando Francamente.

Aliás, o programa deveria se chamar Falando Sério.
E na MTV, Marina Person entrevista Fernando Meirelles, atores do Cidade de Deus e... Mari Alexandre.

O que a baranga breguinha da Mari tem de bunda, a Marina tem de lindeza e charme (putz, que mulher charmosa). E olha que a bunda da Mari não é nada pequena.

Mas o mais divertido foram eles debatendo sobre o filme e a Mari boiando totalmente no papo. Que maldade. :)

14 de out. de 2002

Não!!!

Ray Conniff não podia ter feito isso com a gente! ="(

Decretado luto oficial neste blog

(A pergunta que não quer calar: será que tocou Besame Mucho, ao invés da Marcha Fúnebre em seu enterro?)

13 de out. de 2002

- Isso não é arte nem música... é um produto da indústria do entretenimento.
- Entretenimento? Mas isso te diverte?
E o clipe do L.S. Jack, hein? Cruzes...

(ok, ok... burro sou eu de tentar entender essas coisas)
Considerações sobre a volta de Herbert aos palcos:

. Se por um lado sua técnica de guitarra ainda está um pouco debilitada - o que é normal após passar tanto tempo sem tocar (ainda mais nessas condições), por outro sua voz melhorou bastante.

. Sempre curti muito mais o Paralamas em sua formação original, da época que eram uma banda de rock e não uma banda de pop-reggae. Power trio é o que há, som cru e verdadeiro. Mais um ponto pra eles.

. João Barone continua irretocável. É o Stewart Copeland com sangue brasileiro.

. A simplicidade da execução do Bi Ribeiro o faz um dos baixistas brasileiros com mais personalidade no tocar. Frases simples, melódicas e de bom gosto. Curto muito isso. Ele toca a mesma coisa desde o início da banda, e tá muito bom assim.

. Pode parecer piegas, mas o carinho que um tem pelo outro é algo invejável.

. Achei bem legal essa música que tá tocando no rádio. Led Zeppelin a flor da pele.

No mais, continua o Paralamas. Sempre simpatizei com o som dos caras, fez parte da minha adolescência. Teve seus altos e baixos, como toda banda com tanto tempo de estrada, mas no geral sempre foram muito honestos e sinceros com o som que curtem. E não há como não admirar isso.
Pete Towshend já dizia: "não existe uma boa banda sem um bom baterista".

Assino embaixo.
Mapas fotográficos de Barcelona e Madri. Maravilhosos. E haja saco pra tirar esse zilhão de foto.

Dica da Carol.

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