Chacundum é um blog em dolby-stérico de Cláudio Reston, designer-músico e sócio da Visorama Diversões Eletrônicas.

19 de jan. de 2002

Dando uma limpa em meus arquivos, acabei encontrando essa maravilha do Veríssimo. Vale a leitura, mesmo para aqueles que já conhecem.

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Diga não às drogas! (Luiz Fernando Veríssimo)

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz","da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do "Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi:

- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo!

Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé.

Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... "Banda Eva", "Cheiro de Amor", "Netinho", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais.

Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba". Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela!

Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais . . .

Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a Caras que tinha o "Rodriguinho" na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode.

Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos e fazíamos sinais combinados.

Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea "As Melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas "miseráveis" e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas". Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos". Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa. Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim.

Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:

Não ligue a TV no Domingo a tarde;

Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo;

Não entre em carros com adesivos "Fui ... "

Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu;

Mulheres gritando histericamente é outro indício;

Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;

Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados;

Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo;

Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil; e

Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.

Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos.

A vida é bela!

Eu sei que você consegue!

Diga não às drogas!
Motumbo é chefe de torcida do Ponte Preta.

18 de jan. de 2002

Flash agressivo.
Esses caras não desistem mesmo.
Devo arriscar?
Saca essa:

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Chacundum (Wando /­ Edu Ferreira /­ Marcos Cardoso /­ Natinha)

Ela me olha e vem se aconchegando
E vai se apossando do meu castiçal
E nesse fogo eu logo me esquento
E a vela derrama cera no lençol
Quando amanhece ela vem de novo
Se esfrega, pede um beijo como desjejum
E a paixão de novo pega fogo
Só sei que essa loucura é feito chacundum


Ela me pede um canguru perneta
Papai, mamãe, careta, setenta menos um
Ela me pede pra beber na bica
Me diz que é uma delicia fazer bilu, bilu
Já me disseram que demais faz mal
Que deixa a gente mole, bobo, jururu
Mas ela chega cheia de chamego
Mostrando aquilo tudo e diz que é chacundum


Mas é o dia todo chacumdum, chacumdum, chacumdum
Mas eu só penso nesse chacumdum, chacumdum, chacumdum
É no balanço desse chacumdum, chacumdum, chacumdum
Me dá de novo esse chacumdum, chacumdum, chacumdum


Meu corpo todo fica arrepiado
Meu Deus, sou fissurado por essa mulher
Eu chacundungo nela o tempo inteiro
No chão ou no chuveiro, onde ela quiser
Se vai embora eu morro de saudade
Ah! como eu sinto falta do seu chacundum
Não vejo a hora de matar a vontade
Juntar o meu jabá com o seu jerimum


Ela me pede pra fazer gostoso, de leve
Carinhoso, do jeito que ela quer
Ela me mostra que é de rendinha
Diz que é toda minha, que tira se eu quiser
Como é que eu posso ir pro futebol
Tomar aquele chope ou ir pro Vinte e Um
Essa mulher já me pegou de jeito
Pois quando chega junto, eu quero chacundum


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Dica da querida Manoela Leão.
É guerra?

Japoneses e sua arte milenar de fazer miniaturas.
Madeireira Motumbo: é pau pra toda obra.

17 de jan. de 2002

Deus criou o mundo em sete dias.

No oitavo, ele inventou o violão de 7 cordas.
Opa, 'roubaram' uma frase publicada no DDB 5.

Você se incomodou? Pois é, nem eu.

Muito pelo contrário, sinto-me homenageado. Valeu Wener!
Você conhece o Walter Wanderley? Não? Deveria...
Há 20 anos morreu Elis Regina, uma das coisas mais bacanas que a música brasileira já teve, assim como os mestres Tom e Vinícius.

Minha mãe era fãzoca, ouvia direto. Na época eu era muito moleque pra entender sua importância, mas acabei ouvindo muita MPB por tabela, pois meus pais sempre curtiram demais a música da terrinha. De um lado, minha mãe com Elis, Roberto e Chico. Do outro, meu pai com Tom, Vinícius e Beth Carvalho. E eu ali no meio, ouvindo um tiquinho de todos (entre muitos outros, é claro).

Mas é engraçado, a morte da Elis é um registro que guardo até hoje. Lembro-me claramente da capa da revista Veja daquela semana: 'A Tragédia da Cocaína', dizia a manchete, com uma foto da musa em fundo preto, se não me falha a memória.

Nesse sábado vai rolar um especial na TV Cultura sobre a vida, obra e morte da intérprete. To apostando minhas fichas nesse documentário, inclusive já separei a minha fitinha VHS. Opa, pois não.
'(...)Sem a sua honra, se morre, se mata.
Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz(...)
'

Guerreiro Menino na voz de Fagner é um dos maiores clássicos da verdadeira música popular. Puta chacundum em compasso ternário. Gênio.
As melhores frases de pára-choque do mundo:

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Para evitar filhos, transe com a cunhada - só nascem sobrinhos.

Tudo na vida muda, até a surda muda.

É fazendo muita merda que se aduba a vida.

Existem três tipos de pessoas: as que sabem contar e as que não sabem.

Rouba dos ricos e dá aos pobres... Além de ladrão é gay.

Não há melhor momento do que hoje para deixar para amanhã o que você não vai fazer nunca.

Se seu marido pedir mais liberdade, compre uma corda mais comprida.

Quem dá aos pobres, paga o Motel.

Quero morrer como meu avô: dormindo - e não gritando como os passageiros do ônibus que ele dirigia.
Cigarros Motumbo, agora em dois tamanhos: King Size e King Size.
Os verdadeiros fãs de Tolkien que me perdoem, mas de uma hora pra outra todo mundo virou um profundo entendedor de Senhor dos Anéis.

O engraçado é que muita gente acha que eu sou um deles. Me incomoda isso, pois de repente, virou fator essencial para que você seja considerado um cara culto, bem informado e, é claro, muito mais cool (arght!).

Quer saber?

Não li o livro, não vi o filme e, pra falar a verdade, não faço idéia do que se trata a estória. E não estou morrendo de curiosidade, eu juro.

16 de jan. de 2002

Que show rapaz, que show.

Quando Mike Stern e Dennis Chambers sobem juntos no mesmo palco, não tem jeito camarada - tem que respeitar.

Com uma banda enxuta, sem milhões de racks e amplificadores, Mike detonou com solos de arrepiar os cabelos da orelha, sempre com sua timbragem característica - um choruzinho aqui, uma distorção ali e tá pronto. Pau dentro do começo ao fim.

Assessorado pelo monstro Chambers - de repente todos os bateristas ficaram tão fraquinhos -, cuja braçada é coisa séria, Stern ainda fez a gentileza de trazer de brinde um saxofonista (alguém sabe o nome?) do mesmo calibre, que entrou rapidinho no clima e tornou a vida de todos muito mais feliz.

E pra não dizer que tudo foi lindo (apesar de ter sido), o único porém foi Lincoln Goines, baixista da banda. Não que fosse ruim, mas perto dos três era cafezinho pingado. E pra piorar, entrou no palco num tremendo mau humor, fazendo cara feia e tudo mais. Nada a ver.

O público era pequeno, o que deixou o show ainda mais bacana, pois o clima era de camiseta de fã clube, com direito a dois bis, aplausos de pé e tudo mais. Babação total, com exceção de uma mesa de idiotas que foram lá pra conversar alto (o que leva uma pessoa a pagar um show pra não prestar atenção e ficar conversando?).

Bom, se você não foi, deu muito, mas muito mole, pois foi um dos melhores shows de jazz que já assisti. Mas não se desespere: Stern já está contagiado pela dita 'Maldição do Mistura' - ano que vem ele volta.

15 de jan. de 2002

Uma banda que eu realmente gostaria que tocasse no Free Jazz: Tower of Power.

Definitivamente, uma das melhores bandas de funk music que o mundo já teve.
É Bush, Deus castiga...
Esse cara é bom.
Barata foi a pior invenção da natureza, definitivamente. Agora, barata voadora é uma puta sacanagem, uma covardia. Deve ter sido uma vingança muito perversa com o ser humano, servida estratégicamente como prato frio.

Ninguém merece.

Conselho: não compre Baygon Multi Plus Inseticida. É uma merda, foi preciso meio pote para deixar a criatura levemente atordoada. Arght.

14 de jan. de 2002

Fumemos!
O maior telejogo do mundo.
O mais legal foi saber que o Cara-de-Cavalo é fã do Design de Bolso.

Massa. Fã de fã é uma recíproca bacana!
Domingueira Dub: o som tava duca, as companhias eram as melhores e o astral estava super... e para arrematar, tive a felicidade de conhecer dois caras que eu admiro pra cacete, o futuro do cinema nacional:



Senhoras e senhores, com vocês, Cara-de-Cavalo (com casaco pendurado no ombro) e Cão (de jaqueta preta).

Se você não tem idéia de quem sejam, então você nunca assistiu os filmes da Pepa Filmes.

Ou seja, você não sabe de nada...

13 de jan. de 2002

Bom...

-'Você viu Clube da Luta?'
-'Vi...'

Mais ou menos pra dedéu. E o filme podia ter uma hora e meia a menos que continuaria a mesma coisa.

Saldo: um filme maneirim, um que não convence muito e outro meio qualquer nota. Não sei, ou o povo considera qualquer merda um filmão, ou sou eu que ando chato demais.

Ou os dois.

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